sexta-feira, 5 de junho de 2009

Texto Educação após Auschwitz



Gostei de ler este texto, mas é notório a profundidade com que Adorno trata dos problemas sociais e humanos, sentimos na pele, nas escolas, nas ruas a violência desencadeada pela indiferença com que tratamos os outros, mostrando uma total falta de valores como o respeito, a solidariedade ou mesmo justiça, surgindo uma não civilidade, o que torna quase impossível uma convivência pacífica. Mas a solução para essa realidade não pode ser a violência, mas sim a reflexão sobre como nós como seres humanos a produzimos, buscando alternativas dentro de nós, como também na coletividade.

Segundo o texto o que predispôs os indivíduos a aceitarem o nazismo e a barbárie é o ser humano ser dotado de frieza, característica essa que constitui nossa sociedade. A indiferença com que tratamos o que acontece ao outro, buscando tão somente a satisfação de nossos interesses pessoais e esquecendo totalmente a coletividade, nos tornou seres humanos incapazes de amar, de nos identificarmos com o outro e respeitá-lo. Essa atitude pouco civilizada frente ao outro, fez nascer um ser desumano, que coloca seus interesses pessoais acima de qualquer valor e capaz de qualquer coisa para manter a sobrevivência desses interesses.
O autor sugere que para que a barbárie Auschwitz não se repita se faz necessária uma educação baseada na auto-reflexão do sujeito sobre si e da sociedade em que está inserido, dita civilizada, mas que sob essa bandeira esconde-se uma tendência desagregadora, que faz com que o indivíduo perca as qualidades que o fazem opor-se aos atos de terror cometidos em prol de ideais distorcidos, estabelecidos por vínculos sociais, relacionados ao poder que o grupo tem sobre minorias. É preciso que se estabeleça o princípio da autonomia, da reflexão e da autodeterminação, para a não participação em atos discriminatórios. Para que isso aconteça à educação precisa contrapor-se a qualquer supremacia coletiva cega, aumentando a resistência contra ela, bem como combatendo critérios de inferioridade e ou superioridade que levam ao horror e para isso precisa contribuir na diminuição das diferenças sociais que apóiam e institucionalizam esses atos criminosos.
Não se pode negar ou omitir o horror da realidade, nem achar que a educação pela dureza mudará a sociedade, essa atitude apenas fará com que o sujeito alvo dela adquira o direito de usá-la contra o outro, extravasando sua repressão e seu medo, desencadeando mais violência. Somente diminuindo o medo faremos esmorecer seu efeito destrutivo sobre nós mesmos e a sociedade.
A educação como o próprio nome sugere tem como responsabilidade educar de uma forma ampla não somente voltada para o conhecimento formal, como também para a cidadania, pois esses indivíduos estão inseridos na escola e na sociedade. Se a escola promover uma educação voltada para a paz, para a autonomia , para a reflexão sobre nossas atitudes, combaterá o medo, a repressão, o autoritarismo, a intolerância e dessa forma aprenderemos a valorizar não só os nossos interesses individuais, como os da coletividade, evitando assim a discriminação seja por motivos étnicos, religiosos, culturais, políticos, enfatizando a necessidade de construção de uma sociedade mais justa, baseada nos preceitos de igualdade, respeitando e aceitando as diferenças entre os indivíduos, dessa forma tornando impossível uma repetição do horror que foi Auschwitz, pois essa nova sociedade estará embasada em valores que promovam a verdadeira civilidade, aquela que nos torna mais humanos em nossa essência.
Para saber mais sobre Theodor Adorno:

Um comentário:

Gláucia Henge disse...

Olá Luciane! Você pontua que para o quadro social que vivemos não adianta responder com violência, mas sim propôr uma reflexão profunda. E o que fazer depois?