terça-feira, 2 de junho de 2009

MÉTODO CLÍNICO PIAGETIANO II

MÉTODO CLÍNICO II

Análise da Aplicação da Prova Piagetiana

A realização de um trabalho como este requer muito atenção e cuidado à todos os fatos e ações da criança frente ao teste, pois fatores como ambiente, ansiedade e outros podem influenciar no resultado do mesmo, alterando-o.

Quais aspectos foram adequados na aplicação?
Escolha do contexto onde a prova foi aplicada (ambiente calmo, somente criança e entrevistador);
As perguntas foram feitas com objetividade, respeitando a utilização de uma linguagem adequada à criança;
Utilização dos argumentos (explicações) da criança no processo de contra-argumentação;
A empatia entre a criança e o entrevistador, que permitiu uma sensação de segurança e confiança entre ambos.

Justificativa teórica: Por ser um método clínico se faz necessário que a aplicação da prova seja num lugar calmo, sem a intervenção de outras pessoas e situações fora daquele contexto, que poderiam influir nas respostas dadas pela criança e na observação e intervenção das mesmas pela ação do experimentador. O experimentador precisa agir com sensibilidade e flexibilidade e a partir da análise das respostas dadas, usar os argumentos da criança para contra-argumentar, respeitando a concepção de mundo do sujeito e suas capacidades mentais.

Quais equívocos ocorreram na aplicação?
A não realização de outros testes de conservação da massa, observando-a também em sólidos descontínuos e em líquidos, para uma melhor identificação do estágio em que a criança se encontra.

Justificativa teórica: Por se tratar de um método clínico, se fazia necessária a aplicação de vários testes para observar a noção de conservação das substâncias, visando assim caracterização mais fidedigna das noções que a criança possuía, para uma melhor identificação do estágio do desenvolvimento que ela se encontra. É comum de acontecer que a criança apresente noção de conservação de massa de sólidos descontínuos e não contínuos, ou possua conservação de massa de sólidos, mas não dos líquidos.

Como o grupo corrigiria os equívocos mencionados acima?
Realizando os demais testes, para observar até que ponto a criança havia construído a noção de conservação de massa (embora não tenha sido solicitado que deveríamos realizar estes testes).
Após essa análise, o grupo continua acreditando que a criança se encontra no estágio de desenvolvimento apontado na atividade anterior?

Sim, porque no respectivo caso, observamos várias características cognitivas do estágio das operações concretas, pois ela já realiza operações de pensamento, ao invés de ações, mostrando a capacidade de observar o todo, realizando colocações do tipo: as bolinhas são do mesmo tamanho, mas uma é mais pontuda, ou que a bolinha transformada em minhoca pode ser um pouco menor porque a massinha gruda na mão, respostas mais complexa. Percebe-se uma construção da reversibilidade (flexibilidade) do pensamento (realiza ações mentais limitadas pelo mundo real), com respostas baseadas na realidade. Quanto à conservação da massa, esse processo ainda está em fase de consolidação, pois no momento que transformei a minhoca novamente em bolinha, Bia disse que esta era maior do que a bolinha que não havia passado pela respectiva transformação, mostrando que alguns aspectos que envolvem medidas (comprimento, volume ou área), ainda não estão totalmente compreendidos por ela, ou seja, estão em construção.

Dúvida do grupo: Em que casos durante o processo a prova deve ser interrompida? A criança com a qual realizamos a prova afirmou que após transformarmos a minhoca em bolinha, que essa havia ficado maior. Esse é um caso para a interrupção da prova?

BIBLIOGRAFIA:
Introdução ao Método Clínico Piagetiano, Charczuc, Simone Bicca. Elaborado a partir do capítulo 3, Delval, Juan. Introdução à Prática do Método Clínico, Artmed, 2002.
Elaborado a partir do capítulo 4, Dolle, Jean-Marie. Para Compreender Jean Piaget, Zahar, 1975.
PIAGET, Jean. Os estágios do desenvolvimento intelectual da criança e do adolescente. In: Problemas de Psicologia Genética. São Paulo, 1983. Coleção Os Pensadores.
_______O desenvolvimento mental da criança. In: Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1986.
BECKER, Fernando, Ensino e construção do conhecimento: O processo de abstração reflexionante. In: Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001.

Um comentário:

Unknown disse...

Olá Luciane .... a tua escrita em relação a aplicação da prova, utilizando o método clínico está super rica. Através da mesma é possível "visualizar" como a prova foi reliazada. Sendo este um execelente registro para você e também para os demais colegas. Abraços chuvosos, Denise.