terça-feira, 20 de outubro de 2009

Síntese Henry Giroux- Grupo





O autor sugere que a alfabetização poderia ser usada como empoderamento individual ou social, ou para a perpetuação de relações de repressão e dominação sociais. A linguagem da alfabetização é usada muitas vezes seguindo uma perspectiva funcional ligada aos interesses econômicos, formando trabalhadores para ocupações que exigem leitura “funcional” e habilidade de escrever, currículo este voltado ao mercado de trabalho, para que as empresas não precisem gastar tempo e dinheiro na formação dos trabalhadores.


Como perspectiva ideológica a alfabetização é legitimada pela escolaridade, sendo a escola o lugar para o desenvolvimento do caráter, a transmissão e o domínio de uma tradição ocidental única, baseada no trabalho, no respeito a família, as instituições e a nação, valorizando o que a cultura dominante quer.


Ambas perspectivas despojam o caráter emancipador da alfabetização, pois a utilizam como moeda cultural, que está fortemente ligada a uma concepção de déficit de aprendizagem, pois a escola distribui habilidades e conhecimentos de forma desigual entre os alunos oriundos da classe trabalhadora e de minorias, beneficiando os alunos da classe média, em prejuízo dos anteriormente citados. Aos educadores cabe apenas o papel de conhecer as histórias e experiências dos alunos, deixando de focalizar as relações entre conhecimento e poder que permeiam a sociedade, relacionando a alfabetização com a capacidade de ler e escrever, mas esquecendo do papel que exerce para uma reflexão política, ideológica e social.


Paulo Freire contribui significativamente com a educação apresentando uma nova proposta de alfabetização com a valorização da cultura de todas as etnias demonstrando a importância de cada pessoa no processo de construção de conhecimento de uma sociedade democrática. Freire revela a consciência política do ato educativo, apostando em uma educação para a transformação social e acreditando na importância da ação pedagógica para a emancipação humana, abrindo aos alunos uma perspectiva de conquista de seu espaço social, através da luta por seus direitos, auto-estima e dignidade, fazendo nascer um sujeito de aprendizagem, uma educação cítica e emancipadora, que promove reflexão sobre a cultura dominante que permeia as relações sociais, utilizando como ferramenta de partida a história de vida do aluno.A partir dessa reflexão o sujeito transforma as concepções que tem de si e do mundo.


O processo de alfabetização é consequência da leitura que o aluno faz do mundo, sendo o sujeito autor do próprio processo de aprendizagem , e não um mero espectador do que acontece, mas realizando novas construções a partir do que sabe, respeitando assim sua vivência individual e o contexto social em que está inserido. Esta educação libertadora do sujeito, baseada na criticidade será a principal agente de transformação social.


Ser alfabetizado é reivindicar sua própria voz. Como referente para a crítica, a alfabetização oferece precondição para a organização, a compreensão da natureza socialmente elaborada e para a avaliação de como o conhecimento, o poder e prática social, que podem ser moldados conjuntamente, tornando a tomada de decisões instrumentos para uma sociedade democrática, e não concessões aos que querem os ricos e poderosos. Ou seja, é preciso que a alfabetização de jovens e adultos considere as histórias de vida dos alunos, pois é a partir de suas experiências, comparando com as outras que lhes são contadas, construindo e reconstruindo outras possibilidades humanas, revendo seus espaços como cidadãos.


Pensar a alfabetização como forma de política cultural é defini-la sob o olhar freiriano, com uma leitura de mundo e da palavra. É analisar como ocorrem e se constroem as relações no interior da escola. É compreender que o conhecimento ocorre no momento em que professor e aluno se encontram em sala de aula, dando importância as próprias vidas e experiências.


A alfabetização política cultural exige repensar o currículo compreendendo-o como um instrumento que representa um conjunto de interesses que devem ser postos, examinados e debatidos criticamente e que permita que as diversas vozes escolares sejam ouvidas, confirmando e legitimando as experiências que dão sentido às próprias vidas.


Por fim, uma alfabetização crítica e de voz, exalta a pluralidade e tem sua força na comunidade humana e nas relações sociais. Os educadores críticos constroem suas próprias vozes examinando com cuidado os interesses sociais e políticos que a conduzem, são, portanto, educadores e também educandos. Tem em sala de aula condições para análise, identificação e problematização das diversas maneiras de ver o outro e o mundo e cultivam as diferenças e semelhanças.




Referência:


GIROUX, Henry. Alfabetização e a pedagogia do empowerment político. In: FREIRE, Paulo e MACEDO, Donaldo. Alfabetização: leitura da palavra, leitura do mundo. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. p. 1-27.



Um comentário:

Luciane Machado disse...

Luciane Dutra, muito bem apresentado a síntese do texto de Giroux, você aborda questões importantes, uma delas é o que Freire fala sobre a alfabetização promovendo para umaleitura crítioca do mundo, onde não basta somente alfabetizar-se, mas inserir-se no mundo, como sujeiti crítico, com o objetivo de transformação social, quebrar a hegemonia social, cultural que o autor Gramsci no texto fala.Bjs.